quarta-feira, 24 de agosto de 2011

LIÇÃO 9 (28/08/2011) PRESERVANDO A IDENTIDADE DA IGREJA

JOVENS E ADULTOS – CPAD
3º Trimestre 2011Tema: A Missão Integral da Igreja – Porque o Reino de Deus está entre vós
Comentarista: Wagner Gaby



LIÇÃO 9 - PRESERVANDO A IDENTIDADE DA IGREJA


Texto Bíblico: Atos 20.25-32.


Texto Áureo:
“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo” (2 Co 11.3 - ARC).


OBJETIVOS DA LIÇÃO

•Compreender o que é a Igreja.
•Saber que devemos preservar a identidade da Igreja.
•Identificar os perigos que ameaçam a Igreja na terra.

INTRODUÇÃO
A Igreja tem dado pouco valor ao estudo e à reflexão na Palavra de Deus. Sem o estudo, sem a reflexão, não se adensam no coração de ninguém os referenciais que formam o caráter, que balizam o comportamento cristão, que enchem o ser com conteúdos éticos, que o capacitam a viver não apenas uma santidade religiosa, mas uma santidade social mais ampla.

A lição de hoje estimula-nos a perseverarmos naquilo que temos aprendido, mantendo a simplicidade do Evangelho (1 Co 15.1,2; Gl 1.6-8; 2 Co 11.4; Hb 3.14). Daí o comentador ter asseverado, na Verdade Prática: “Só existe um meio de a Igreja de Cristo preservar a sua identidade como a agência por excelência do Reino de Deus: obedecer amorosa e incondicionalmente à Bíblia Sagrada” (Lições Bíblicas do Mestre, CPAD, p.63).


I. QUAL É A IDENTIDADE DA IGREJA

I. 1. Definição do vocábulo Identidade
Segundo o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:
■ substantivo feminino
1 estado do que não muda, do que fica sempre igual
2 consciência da persistência da própria personalidade
3 o que faz que uma coisa seja a mesma (ou da mesma natureza) que outra
4 conjunto de características e circunstâncias que distinguem uma pessoa ou uma coisa e graças às quais é possível individualizá-la

Em relação à Igreja podemos afirmar que este termo “identidade” diz respeito ao “conjunto de características próprias de uma pessoa ou um grupo que possibilitam a sua identificação ou reconhecimento” (Lições Bíblicas do Mestre, CPAD, p.65).


I. 2. A identidade da igreja é tríplice

•Identidade teológica. A Igreja é diferente das religiões e seitas e do mundo por causa das doutrinas bíblicas que observa, as quais são inegociáveis.
•Identidade eclesiástica. Diz respeito a ministérios principais e auxiliares, títulos eclesiásticos, administração eclesiástica, liturgia, etc.
•Identidade consuetudinária. Engloba usos, costumes, práticas, etc.

II. A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE DA IGREJA
Justamente a falta de estudo e reflexão na Palavra é o fator levantado para implementar uma “crise de ser” da Igreja. E qual é a maneira clássica pela qual o povo ouve e reflete na Palavra de Deus? Não resta dúvida que na medida em que a pregação torna-se ineficiente e abdica da sua condição e importância que a própria Bíblia lhe atribui, o povo perde os referenciais que lhe possibilitariam viver o Cristianismo na essência.

A realidade social e cultural contemporânea com a qual a Igreja brasileira tenta conviver é descrita por Christian Gillis num artigo onde propõe alternativas à Igreja a fim de galgar o desafio da contextualização. Ele aponta seis principais fatores que determinam esta nova realidade. O primeiro deles ressalta as mudanças políticas e econômicas ocorridas a partir da década de 70 e que, inegavelmente, produziram profundas mudanças sociais. Na visão deste autor tais mudanças geraram uma “crise institucional generalizada” e exigiu também novas respostas teológico-eclesiásticas.

Os outros fatores que, segundo Gillis, cooperam para o surgimento de um novo ordenamento sócio cultural são: o desmantelamento das estruturas e economias comunistas, o desenvolvimento tecnológico nas comunicações, na informática e na biologia, o movimento feminista, a acelerada urbanização, o renascimento místico e a consciência ecológica. Todos estes fatores correspondem a tendências que têm consolidado uma nova mentalidade com a qual a Igreja precisa aprender a lidar.

É nesta realidade histórica que a Igreja precisa sobreviver e desempenhar sua tarefa. Justamente pela complexidade do panorama histórico é que se acentua a crise de identidade da Igreja. Gillis afirma que a Igreja erra em preocupar-se demasiadamente com o passado, ao mesmo tempo que não percebe as mudanças ocorridas ao redor. Para ele o problema da Igreja não está na questão do “ser Igreja”, mas no “como ser Igreja aqui e agora”. Conclui ser preciso uma remodelação das estruturas da Igreja para que seus membros não sejam submetidos a viver entre as paredes eclesiásticas “respirando uma realidade alheia ao mundo”, sofrendo uma espécie de “esquizofrenia histórica”.

É certa e direta a relação entre a situação de desprestígio do ministério da pregação e a crise de identidade da Igreja. Por isso que a pregação, biblicamente, é a principal tarefa do pastor, porque é justamente e principalmente por ela, que o povo recebe palavras de vida, não somente de vida eterna, mas de vida abundante em meio à sociedade.

Precisamos ter em mente que a Igreja é o “sal da terra” (Mt 5.13), o qual é conservador, preservador (1 Tm 6.20; 2 Tm 1.13,14; Ap 2.25). Mas ser conservador, do ponto de vista bíblico, não significa ser extremista, exagerado, fanático ou desequilibrado (Ec 7.16,17; Pv 4.26,27; 2 Tm 1.13,14; 1 Tm 6.20; Ap 2.25; 3.11). Ser conservador não é fazer dos usos e costumes a causa do Evangelho, visto que eles são o seu efeito. Deve-se levar em conta que a verdadeira santificação ocorre a partir do espírito — de dentro para fora (1 Ts 5.23; Mt 23.25,26; Hb 4.12). Preservar a identidade também não é ser legalista ou agir como os fariseus. Estes eram formalistas, regionalistas, ritualistas, nominalistas e endeusavam as obras (Mt 16.6; Mc 8.15; At 11.26; At 15.5,10; Mt 23).

Ser conservador é priorizar a sã doutrina (Tt 2.1; 1 Tm 4.16), manter os bons costumes (2 Ts 2.15; 3.6; 1 Co 15.33; Sl 11.3; Ml 1.8; Tg 2.12; Jz 17.6; 21.25) e opor-se à secularização (Rm 12.1,2; Lc 17.26-30; Tg 4.4; 1 Jo 5.19; Is 5.20). Por desconhecer as Escrituras de forma mais profunda, os crentes hoje confunde o que é ser conservador, e a Igreja viver hoje uma crise de identidade. Esta crise requer uma análise profunda por parte do Corpo de Cristo acerca do seu contexto sócio-cultural, cada Igreja local deve se prostrar diante de Deus e pedir “sua visão” para cumprir um papel relevante dentro do momento histórico em que vive.

Sem esta “visão”, seremos uma Igreja destinada a morrer! Esta é a conclusão de J. Scott Horrel com relação à Igreja. Para ele a razão disto se deve às características que são marcantes nestas Igrejas: falta de criatividade, falta de penetração junto à população circunvizinha, preguiça espiritual, baixa ética moral e ignorância das verdades bíblicas. Obviamente, na medida em que a pregação falha e o crente deixa de reconhecer como ser crente no mundo atual, a consequência mais óbvia disso passa a ser a apostasia, o afastamento dos crentes das Igrejas. Estes crentes ou migram para outras denominações ou voltam-se para o “mundo”.

III. PERIGOS QUE AMEAÇAM A IGREJA

III. 1. Apostatar dos rudimentos da fé
No sentido geral, como “organismo místico composto por todos os que, pela fé, aceitaram o sacrifício vicário de Cristo” (Lições Bíblicas do Mestre, CPAD,, p.65), a Igreja deve preservar a sã doutrina. No sentido específico, como igreja local, deve preservar a sua história, a sua tradição, etc.

“A Igreja, como instituição divina, tem o seu manual de regra e conduta: a Bíblia Sagrada — a Palavra de Deus”, deve respeitar o primado da Palavra de Deus, a nossa fonte de autoridade primária, precípua, primacial (1 Pe 1.24,25; 1 Co 4.6). Primado é a condição do que está em primeiro lugar, que tem prioridade, primazia, excelência, preeminência (Gl 1.8; Sl 138.2, ARA; 119.105; Jo 7.17).


III. 2. Heresias“Cada crente deve preservar a doutrina de Cristo, lutando contra as várias distorções e heresias que surgem a cada dia (2 Jo vv.9,10; 1 Tm 6.3-5). A doutrina bíblica não pode ser modificada, substituída ou anulada por supostas revelações, visões e profecias (At 20.27-30; 1 Tm 6.20)


•A Palavra de Deus alerta quanto a espíritos enganadores (1 Tm 4.1): falsos deuses (Jo 17.3; Sl 95.3; 2 Co 4.4); outro Jesus e outro espírito (2 Co 11.4; At 5.32; Jo 14.17); anjos caídos e demônios (Ap 12.3,4,9; Gl 1.8; Ef 6.12).•A Palavra de Deus alerta quanto aos falsificadores da Palavra de Deus (2 Co 2.17): falsos cristos ou anticristos (Mt 24.24a; Mc 13.22a.; 1 Jo 2.18,19; 2 Jo v.7); falsos cientistas (1 Tm 6.20,21; 2 Co 4.4; Sl 10.4); pregadores e mestres falsos (2 Tm 4.1-5; 2 Pe 2.1,2; 3.16); pastores e apóstolos enganadores (2 Co 11.5,13; Ez 34.1-10); falsos adoradores (Mt 15.7-9; Jo 4.23,24); falsos irmãos (2 Co 11.15,24-28; Gl 2.3,4; Tg 1.26; Rm 16.17,18); falsos profetas (Mt 7.15; 24.11,24; Mc 13.22; At 13.6; 2 Pe 2.1; 1 Jo 4.1); milagreiros e ilusionistas (Mt 24.24b; Mc 13.22b; 2 Co 11.13-15).Não devemos desprezar as pregações, os ensinamentos, as profecias, bem como os sinais e prodígios (At 17.11a; 2.13; 1 Co 14.39; 1 Ts 5.19,20). Entretanto, cabe a nós julgá-los (Jo 7.24; At 17.11b; 1 Ts 5.21, ARA; 1 Co 10.15; 14.29; 1 Jo 4.1; Hb 13.9), segundo os critérios bíblicos para um julgamento segundo a reta justiça:

•Teste pela Palavra de Deus (At 17.11; Hb 5.12-14).•Sintonia do Corpo com a Cabeça (Ef 4.14,15; 1 Co 2.16; 1 Jo 2.20,27; Nm 9.15-22).•Dom de discernir os espíritos (1 Co 12.10,11; At 13.6-11; 16.1-18).•Bom senso (1 Co 14.33; At 9.10,11).•Cumprimento da predição, no caso da profecia (Ez 33.33; Dt 18.21,22; Jr 28.9), se bem que apenas isso não é suficiente para autenticá-la (Dt 13.1,2; Jo 14.23a).•Vida do pregador, profeta ou milagreiro (2 Tm 2.20,21; Gl 5.22).

III. 3. Perda e, ou o esfriamento do amor
1. Sem amor tudo o que fazemos é apenas um barulho oco (1 Co13.1).
2. Sem amor não adianta os dons nem a ciência (1 Co13.2)
3. Sem amor não adianta fazer oferta aos pobres e sacrifício (1 Co 13.3).

Diante de tudo o que a Igreja de Cristo tem passado nesta hora final, Paulo afirma que só com o amor de Deus é que ela pode enfrentar as turbulências. “Mas a maior desta é o amor” (1 Co 13.13).
O apóstolo Paulo afirma que mesmo que falasse não só as várias línguas dos seres humanos, mas também as faladas pelos anjos, se não falasse com amor, não passaria de barulho.

Amor - a palavra grega assim traduzida denota preocupação altruísta pelo bem-estar do outro, não resultante de nenhuma ação da outra a quem ame.

Devemos rogas a Deus que nos conceda dia a dia, a disposição de amar em obediência ao mandamento de Deus. É como o amor de cristo manifesto na cruz.
a) Ele não é “invejoso”,
b) Ele não é “leviano”,
c) Ele não é “soberbo”
d) Ele não se porta com “indecência”
e) Ele não é “interesseiro”
f) Ele não é “irritante”
g) Ele não “suspeita mal”
h) Ele não “Se alegra com a injustiça” (NVI).

O que jamais será destruído segundo a Bíblia. “Permanecem agora e para sempre, a fé, a esperança e o amor. O maior deles é o amor” (13.13 – NVI).
Deus pelo seu imensurável amor leva a igreja a vencer os maiores desafios da atualidade. “o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Para obter um amor verdadeiro é preciso estar em Cristo, ELE é a realização do autêntico amor na vida do homem.


CONCLUSÃO
A Igreja é vitoriosa, e por isso vencerá mais este desafio da pós-modernidade, porém é imprescindível que busque a Deus no intuito de ter uma visão aprimorada do papel a desenvolver nestes dias em que vivemos. Esta visão com certeza levantará uma igreja capaz, viva e atuante.

Precisamos com urgência vencer o modismo. A modernidade do novo milênio exigirá, cada vez mais, pessoas capazes e habilitadas para o exercício de suas funções ou ocupações no Reino de Deus. “Despertemos, já é dia. Trabalhemos com vigor. E levemos com alegria, muitas almas ao SENHOR” (Harpa Cristã – nº 16)



FONTES CONSULTADAS

•Revista Ensinador Cristão – Ano 12 – Nº 47 - 2011 – CPAD
•Dicionário VINE – Editora CPAD – 3ª Edição/2003
•Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa – Editora Objetiva – 3º Edição – Rio de Janeiro, 2009.
•Léxico de Strong – Bíblia Online – Sociedade Bíblica do Brasil
•Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã – Editora Vida Nova – Edição 2009
•Richards, Lawrence O. – Guia do Leitor da Bíblia – Editora CPAD
•Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald.
•Bíblia Shedd – Editora Mundo Cristão – 2ª Edição
•Bíblia de Jerusalém – Editora Paulus – Nova Edição revista e ampliada - 2002
•Bíblia de Estudo Plenitude – SBB/1995 – Barueri/SP
•Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal – editora CPAD – Edição 2004
•Bíblia de Estudo Pentecostal – Editora CPAD – Edição 2002
•Richards, Lawrence O. – Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento – Editora CPAD
•Grudem, Wayne – Teologia Sistemática Atual e Exaustiva – Editora Vida Nova – Edição 1999
•Kloppenburg, Carlos José – Basiléia, o Reino de Deus – Editora Loyola – São Paulo/SP – 1997.


Colaboração para EBDnet – Profª Jaciara da Silva – jaciara.dasilva@ebdnet.com.br www.ebdnet.com.br

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