quarta-feira, 12 de outubro de 2011

CPAD LIÇÃO 3 – APRENDENDO COM AS PORTAS DE JERUSALÉM

JOVENS E ADULTOS – CPAD
4º Trimestre 2011
Tema: Neemias – Integridade e coragem em tempos de crise
Comentarista: Elinaldo Renovato


LIÇÃO 3 – APRENDENDO COM AS PORTAS DE JERUSALÉM


Texto Bíblico: Neemias 3.1-3,6,13-15.


Texto Áureo:
“Assim, edificamos o muro, e todo o muro se cerrou até sua metade; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar” (Ne 4.6 – ARC)


Ao Mestre
Tendo em vista de que, na lição já está mencionando as portas de Jerusalém e seus significados, optei por apresentar-lhes por outro prisma. Partindo da leitura diária, iremos discorrer acerca da edificação espiritual do cristão.

Neemias 1.3,4 nos mostra quão grande impacto que a situação de Jerusalém causou neste servo de Deus: “E disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o cativeiro, lá na província estão em grande miséria e desprezo, e o muro de Jerusalém, fendido, e as suas portas, queimadas a fogo. E sucedeu que, ouvindo eu essas palavras, assentei-me, e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus.”

Além da miséria e desprezo, havia muros fendidos, portas queimadas a fogo. Como bem disse o comentarista da lição: “Nessas condições, Jerusalém tornava-se presa fácil para os inimigos. A única solução era reerguer as portas e reconstruir os muros, apesar do desconforto da crise”.

Assim como Jerusalém, nossas vidas devem ser edificadas em Cristo, é a única forma de não sermos presa fácil ao inimigo de nossas almas.
O v.3: “... as suas portas, queimadas a fogo”, segundo Wilhelm Geseinus, Hebrãisches und aramãiches Handwõrterbuch über das Atle Testament, p. 661, a tradução literal seria “rasgadas” tal como carne humana. Nesse sentido, temos de fechar esses rasgos, edificando-nos, afim de que não sejamos achados em miséria espiritual e a mercê do inimigo.

Neemias teve consciência da situação, por isso a noticia teve grande impacto em sua vida, logo que a ouviu, ele assentou-se, chorou e lamentou. Muitos fazem isso, mas não basta lamentar, temos de tomar uma atitude. Primeiro Neemias esteve jejuando e orando perante o Deus dos céus e em seguida tomou a decisão de se levantar, ir e edificar o que estava fendido.
Façamos como Neemias, oremos diante do Deus dos céus, mas também “levantemos-nos e edifiquemos e não estejamos mais em opróbrio” (2.17).


INTRODUÇÃO
O vocábulo edificar (gr. oikodome) é usado para expressar o sentido de crescimento espiritual e desenvolvimento do caráter dos crentes através do ensino da Palavra, e do serviço fiel ao Mestre. Esse substantivo grego é usado figurativamente no Novo Testamento, no sentido de edificação, ou seja, da promoção de um crescimento espiritual que nos aproxima mais do caráter de Cristo.


I. JESUS EDIFICA A SUA IGREJA
“Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16.18 – ARC)

Neste texto, vemos que Jesus mais uma vez se afasta da multidão a fim de instruir os seus discípulos. Ele se encontrava em Cesaréia de Felipe (v. 13). Essa cidade havia sido construída por Felipe, filho de Herodes, o Grande e recebeu o nome de Cesaréia em honra ao imperador Tibério César. O antigo nome da cidade era Panéias, nome que sobrevive até aos dias atuais, como a moderna Banias.

Nas suas proximidades ainda existem penhascos que trazem as marcas do antigo culto ao deus Pan. Era um local muito apropriado para a confissão da divindade de Jesus aos seus discípulos. Seu ministério terreno havia chegado a um ponto crucial. O ministério público na Galiléia havia se encerrado e Sua jornada em direção ao Calvário logo seria iniciada. Jesus desejava compartilhar mais de Si com os discípulos, para que eles tivessem uma fé sólida em Sua missão como Messias a fim de que eles pudessem num futuro muito próximo levar adiante Seus ensinos, anunciando as Boas Novas de salvação.

É neste local de culto idólatra, que Jesus virando para os discípulos faz uma pergunta: “Quem dizem os homens ser o filho do homem?” (v.13), então Ele ouve dos discípulos várias respostas: João Batistas; Elias: Jeremias ou um dos profetas (v.14). Mas, o objetivo de Jesus ia além de uma pergunta e dessas respostas. Ele havia escolhido doze homens e passou três anos ensinando-lhes uma vocação – seguir a ELE. Estes discípulos presenciaram milagres, já haviam realizado uma jornada missionária, sempre estavam recebendo instrução particular, estavam mais que preparados para responder a indagação que Jesus faria a seguir:
“E vós, quem dizeis que eu sou?” (v.15). Em meio ao silencio dos demais, Pedro diz com convicção: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (v.16)

Essa confissão de Pedro não somente reconhece Jesus Cristo como o Messias esperado, como também Sua natureza divina. Jesus após explicar que foi Deus Pai, Quem revelou a Pedro, faz uma declaração: “... sobre esta Pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (v.18)

A afirmação de Jesus é que Ele edificaria a sua Igreja e as portas do inferno não iriam prevalecer. A edificação da Igreja não cabe a homem algum, é um trabalho exclusivo do Senhor. Nessa edificação Ele necessita de pedras para sua edificação, assim como no Velho Testamento para edificar o Templo havia a necessidade de pedras, assim também hoje há necessidade de pedras, só que agora são pedras vivas, a Igreja é edificada com pessoas, resgatadas do “lamaçal”, e santificadas, ou seja, purificadas com a lavagem da água pela Palavra (Ef 5.26).

Jesus edifica a sua Igreja quando Ele trabalha nas pedras. Quando o Senhor Jesus Cristo foi crucificado, ali nos fomos formados conforme afirmação em 1 Pedro 2.4,5 e Isaias 51.1, de acordo com essa afirmação devemos olhar para a Rocha da qual fomos extraídos isso está de acordo com Hebreus 12.2, Jesus é a Rocha para a qual devemos fixar nossos olhos, pois somente NELE somos nova criação (2 Co. 5.17).

Quando as rochas são colocadas nos seus devidos lugares, a função delas como Templo é de oferecer sacrifícios espirituais. Se não estivermos com nossos olhos fixos em Cristo e não o deixarmos trabalhar em nossas vidas, não poderemos estar bem ajustado e consolidado, para efetuar o aumento como diz em Efésios 4.16, é impossível haver um trabalhar de cada parte, se essas partes não estão esculpidas, lapidadas. Deixemos o nosso escultor Jesus Cristo nos preparar para a edificação da Sua Igreja, lapidando-nos de forma a sermos pedras vivas com perfeito “encaixe” (comunhão uns com os outros) para edificação do edifício espiritual (2 Co 5.1; Ef 2.21).

II. O PRUDENTE EDIFICA SOBRE A ROCHA
“Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.” (Mt 7.24,25)

No final do sermão do monte, no evangelho de Mateus, o Senhor termina com uma exposição clara sobre edificação, mas de uma edificação individual, ou seja, da nossa responsabilidade, pois se trata de "sua casa" (1 Pe 2.5).

No sermão o Senhor Jesus expôs as bases do cristianismo, porém seus ouvintes teriam de fazer mais do que apenas ouvi-LO. O Senhor Jesus cita dois tipos de homens e faz uma comparação em relação à construção de uma casa. Um homem é prudente e outro insensato; tanto um como outro têm uma mesma característica: o de ouvir. Mas o que diferencia um do outro é que a realidade do ouvir está em colocar em prática aquilo que ouviu. E o que revela a aptidão de cada um, é o local onde é edificada a casa; uma na rocha e outra na areia. A casa é a nossa vida. Se ela for construída ou edificada de qualquer forma, nunca teremos segurança e estabilidade na vida. Viveremos sempre preocupados, inseguros, intimidados, ansiosos, porque nossos valores estarão trocados, nosso coração estará apenas na dimensão terrena. Rocha significa firmeza, solidez, estabilidade, uma vida com bases e alicerces bíblicos e visão para o alto.

Nesta atitude prática, o Espírito Santo nos conduz a edificar a casa no lugar certo, ou seja, na rocha. Esta passagem somente é comentada novamente no evangelho de Lucas, o qual descreve alguns detalhes que podemos salientar:
 Aquele que vem
 Ouve as minhas palavras
 E as pratica

Edificar sobre a rocha, na época do ministério terreno de Jesus, não era tão fácil. Naquele tempo a humanidade não possuía recursos como britadeira ou dinamite. Cavar fundo na rocha resultaria em horas de trabalho árduo e provavelmente com uma talhadeira. Serviço que exigiria muita dedicação, determinação e perseverança.

Por essa razão que afirmo que uma vida “edificada na rocha” não se adquire através de um “relacionamento superficial” com Cristo, como muitos hoje dentro das igrejas mantêm. São crentes apenas no domingo à noite, para “louvar” e “receber e levar para casa a sua benção”.

Para ser edificado sobre a Rocha é necessário dedicação, determinação e perseverança diárias, para “cavarmos fundo e lançarmos os alicerces sobre a Rocha”. Spurgeon em um de seus escritos afirma: “Se formos fracos em nossa comunhão com Deus, seremos fracos em tudo”.

Dentro deste aspecto, o Senhor faz uma comparação. Nesta passagem é relatado que ir em direção a Ele, nos permite ouvir, mas não somente isso é suficiente, o resultado daquele que ouve está no fruto da sua reação, ou seja, colocar em prática, e com isso aprender a desfrutar e conhecer mais e mais a Cristo, nesse conhecimento crescente estaremos nos arraigando e sendo edificados NELE, como o apostolo Paulo escreveu aos colossenses:
“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai Nele, arraigados e edificados Nele e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças” (Cl 2.6,7)


III. EDIFICADOS SOBRE CRISTO“Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus; edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito.” (Ef 2.19-22)

A epístola de Paulo aos Efésios nos traz grandes picos espirituais. Paulo ficou tempo suficiente em Éfeso para alicerçar os cristãos na Rocha. E neste texto em particular, o apóstolo lhes afirma que não são mais “estrangeiros” (gr. xenoi este termo grego denota visitantes estrangeiros sem direito na comunidade), nem “forasteiros” (gr. paroikoi, que denota residentes estrangeiros com direitos limitados e temporários turistas). Paulo enfatiza que todos os que mantêm uma relação com Deus na qualidade de ‘redimidos’, não são inferior aos judeus como povo peculiar de Javé, pois são “concidadãos dos Santos e da família de Deus” assim os cristãos compartilham de todos os direitos e privilégios do povo e família de Deus.

Segundo o cap. 2 de Éfesios, todos os que aceitam a Jesus como Salvador, possuem as seguintes características:
 Estão em Cristo (v.13)
 Estão perto de Deus através do sangue de Cristo (v.13)
 Estão em paz com Deus (v.14)
 Estão reconciliados com Deus (v.16)
 São parte da igreja, corpo de Cristo (vv.15,16)
 Estão aptos para ter acesso à presença de Deus (v.18)
 São concidadãos dos céus (v.19)
 Estão edificados sobre o verdadeiro fundamento – Cristo (v.20; 1 Co 3.11)
 São morada (habitação) de Deus (v.22)
Se prestarmos atenção notaremos, que todos os que passam por uma genuína conversão, estão inseridos nos verbos estar e ser.

Os vocábulos gregos oikos e oikis são frequentemente usados no sentido literal de “casa” (Mt 2.11; 7.24-27; 9.7; Mc 7.30) e no sentido simples e metafórico de “família” (Mt 13.57; Mc 6.4; Jo 6.4; 4.53; 1 Co 1.16; 16.15; 2 Tm 1.16; etc.). O escritor aos Hebreus também usa o mesmo termo para ‘casa’: “mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se tão-somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim.” (Hb 3.6 – ARC)

Paulo aos Efésios 2.19-22 mostra que as idéias que se contêm nos termos “casa de Deus” e “templo de Deus” naturalmente se complementam. Neste texto há nada menos que seis derivados de oikos (sem, porém, haver a própria palavra oikos) se empregam para descrever a realidade espiritual que deve haver entre os cristãos – a comunhão, a unidade.

Em várias passagens no N.T., os cristão são exortados a permitirem que sejam edificados como pedras espirituais para formarem uma casa espiritual [aikodomeõ] (1 Pe 2.4,5), afim de que possam apresentar sacrifícios espirituais para Deus como sacerdócio santo. É nesse prisma que os cristão são identificados como “casa de Deus”, Igreja do Deus vivo, pilar e baluarte da verdade (1 Tm 3.15)

Urge, portanto, a necessidade de nos edificarmos em Cristo.
O apóstolo Paulo em vários textos, usa termos que nos mostram que para tal posição é necessário um alicerce (1 Co 3.10-12; 2 Tm 2.19) firme – Cristo como pedra angular (At 4.11)


CONCLUSÃO
Aprendamos, portanto com a edificação dos muros e portas de Jerusalém. Devemos fechar as fendas, e não deixar as portas desguarnecidas, se não quisermos ser apanhados de surpresa pelo inimigo. Façamos agora uma reflexão: “Como está minha vida como casa e morada de Deus?”
Se o Espírito Santo te mostrar que “sua casa” está com os muros fendidos e as portas queimadas e rasgadas, faça como Neemias, lamente e chore prostrado em oração diante de Deus, levante-se e comece a edificar-se em Cristo, tendo em mente que edificar sobre a Rocha requer dedicação, determinação e perseverança diárias, para “cavarmos fundo e lançarmos os alicerces profundos”.

Lembre-se que o chamado de Neemias para servir a Deus é um acontecimento relatado como algo natural que acontece na vida de um servo (a) de Deus. Não há nada de “místico”, "esotérico” ou “extraordinário”. Ele estava no desenvolvimento de suas atividades quando Deus o chama para realizar uma grande obra. Ele não estava no Templo orando para que Deus lhe mostrasse a Sua vontade, não estava numa reunião de oração de muito "poder". Neemias estava na "cidadela de Susã desenvolvendo sua atividade profissional. Aqui, podemos estabelecer um paralelo, entre o chamado de Neemias, e o nosso próprio chamado.
Então levantemo-nos e edifiquemo-nos como edifício espiritual, morada de Deus, Igreja do Deus vivo, pilar e baluarte da verdade, antes que a trombeta soe e não haja tempo para fazer mais nada.


FONTES CONSULTADAS
• VINE, Dicionário. Editora CPAD – 3ª Edição/2003
• COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento
• STRONG, Léxico de. – Bíblia Online – Sociedade Bíblica do Brasil
• Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã – Editora Vida Nova – Edição 2009
• RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia – Editora CPAD
• Bíblia Shedd – Editora Mundo Cristão – 2ª Edição
• Bíblia de Jerusalém – Editora Paulus – Nova Edição revista e ampliada - 2002
• Bíblia de Estudo Plenitude – SBB/1995 – Barueri/SP
• Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal – editora CPAD – Edição 2004
• Bíblia de Estudo Pentecostal – Editora CPAD – Edição 2002
• Bíblia de estudos Dake – Editora CPAD e Atos, Rio de Janeiro/RJ, edição 2009
• TÜNNERMANN, Rudi. As reformas de Neemias: a reconstruçao de Jerusalém e a reorganização de Judá. Editora Sinodal, São Paulo/SP, 2011
• COLLEY, Peter. Perseverança: a qualidade de um vencedor. Biblioteca 24 horas. São Paulo/SP, 1º Edição, 2011.
• BEACON. Comentário Bíblico Vl. 6. Editora CPAD, Rio de Janeiro/RJ, 1ª Edição, 2006,
• BEACON. Comentário Bíblico Vl. 9. Editora CPAD, Rio de Janeiro/RJ, 1ª Edição, 2006.

Colaboração para EBDnet – Profª Jaciara da Silva – jaciara.dasilva@ebdnet.com.br www.ebdnet.com.br

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