segunda-feira, 2 de agosto de 2010

CUIDADO COM A PELE DO MANTO DE PATRIARCA
Caramuru Afonso Francisco*




A imprensa noticiou recentemente que um determinado “paipóstolo” agora recebeu “o manto de Patriarca” e, como tal, foi reconhecido por seus fiéis seguidores na sede da denominação e da rede de células que domina por este mundo afora.

Este fato é mais uma confirmação daquilo que o Senhor Jesus disse a Seus discípulos no monte das Oliveiras, por ocasião de Seu sermão escatológico, quando, antes de mais nada, disse para que os cristãos, nos últimos dias, não se deixassem enganar por “falsos cristos” (Mt.24:4,5).

Os “falsos cristos” a que o Senhor se refere não são tão somente as figuras caricatas e risíveis de pessoas que se dizem Jesus Cristo ou Sua reencarnação, como um que mora na Região Sul do Brasil, personagens que enganam algumas dezenas de incautos e igualmente caricatos seguidores.

Jesus fala-nos de pessoas que, nestes dias finais da dispensação da graça, se apresentariam como mediadores, intermediários da relação entre Deus e a Igreja, entre Deus e os homens, arrogando-se um papel que é única e exclusivamente de Jesus Cristo, que está assentado à direita de Deus, por ter sido o único a vencer o pecado e a morte, e que, por isso, tem condições de interceder pelos pecadores (Is.53:12; I Tm.2:5; Hb.8:6; 9:15; 12:24).

Dizer-se intermediário do relacionamento com Deus, ou com Cristo, é fazer-se um “falso cristo”, é assumir uma posição que é exclusiva d’Aquele que nunca pecou e morreu por nós.

Ao chamar-se “patriarca” e, portanto, assumir a postura de alguém através de quem vem a bênção ou, como afirma o aludido líder religioso, a unção da parte de Deus, estamos diante de um falso cristo, que se substitui indevidamente a Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Muitos têm assim agido, escondendo-se em falsos ensinos como da “nova unção” ou da “paternidade espiritual”, que nada mais são do que a criação de uma “burocracia espiritual”, de “atravessadores” que se interpõem entre Cristo e a Sua Igreja, o que é totalmente antibíblico e deve ser repudiado por todos quantos desfrutam da comunhão com o Senhor.

Ao contrário do que ensina esta inovação do “patriarcado” surgida na altura da linha do Equador, as Escrituras mostram-nos que os patriarcas foram homens escolhidos por Deus para formar a nação de Israel, diante da rejeição a Deus proveniente da comunidade pós-diluviana, que alcançou seu apogeu no juízo de Babel.

Como toda sociedade se inicia pela família, sua célula vital, era natural que o Senhor, na formação de um povo, começasse por uma família, que, ao longo do tempo, se tornaria um clã, uma tribo e, posteriormente, um conjunto de tribos que, por fim, dariam nascimento a uma nova nação.

A começar de Abrão (Gn.12:1-3), todos os patriarcas tinham consciência de que eram instrumentos divinos para a construção de uma nação na qual adviria a posteridade, única como faz questão de ressaltar o apóstolo Paulo (Gl.3:16), na qual, e exclusivamente nela, se fariam benditas todas as famílias da terra (Gn.12:3).

Não é por outro motivo que o Evangelho segundo Mateus se inicia com a afirmação de que Jesus era filho de Abraão (Mt.1:1), precisamente para indicar que era a posteridade aguardada ansiosamente pela nação israelita.

Quando alguém diz ter recebido “o manto de Patriarca da parte de Deus”, está a fazer de Deus um mentiroso (I Jo.5:10), pois está a negar a Jesus Cristo a qualidade de único Mediador entre Deus e os homens, o próprio testemunho dado pelo Senhor Jesus. Afinal de contas, desde o início do ministério terreno, o Pai fez questão de ressaltar a exclusividade do Filho como interlocutor entre Deus e a humanidade (Mt.3:17; 17:5; Mc.1:11; 9:7; Lc.3:22; 9:35; Jô.12:28-30; II Pe.1:17).

Os patriarcas aguardavam a promessa da posteridade e o primeiro deles, Abraão, exultou por ver o dia de Cristo (Jo.8:56). Triste é vermos “patriarcas hodiernos” que se alegram em ver o seu próprio dia, que exultam na sua sede de poder, sendo piores que os cegos (Jo.9:40,41), porque, em sua incredulidade, não conseguem ver a luz do evangelho da glória de Cristo (II Co.4:4), contentando-se, tão somente, com a glória dos homens (Jo.12:43).

Com tais patriarcas, voltados para os seus mantos, não podemos nos enganar. Fujamos deles, pois temos já a posteridade, que nos traz bênção e não maldição (Gl.3:26-29), que nos concede a vida eterna e que nos levará daqui para as mansões celestiais muito breve (Jo.14:1-3).

Aos “patriarcas hodiernos”, enganadores e que têm prazer nos deleites cotidianos e nos seus enganos (II Pe.2:13), resta-nos, apenas, sugerir que, já que são “patriarcas”, aproveitem o título de “Patriarca do Ocidente” de que o atual Papa abdicou ao subir ao comando da Igreja Romana em 2005, pois o título está vago e disponível ao primeiro aventureiro que o queira tomar.

A propósito, também estão vagos os títulos papais de “líder do Reino Glorioso”, rejeitado desde João XXIII e de “Sua Santidade Nosso Senhor”, rejeitado desde Paulo VI. Como se vê, há ainda múltiplas alternativas para as excrescências dos falsos cristos de nossos dias.

Nós, porém, prosseguiremos servindo única e exclusivamente ao Senhor Jesus, a posteridade de Abraão, que conosco adentrará os portais eternos (Sl.24:9,10). Para isto, precisamos vigiar, pois o Senhor está muito próximo, como estão a indicar fatos como este.


* Evangelista da Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Ministério do Belém – sede e colaborador do Portal Escola Dominical.

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